CARTOGRAFIA APLICADA À SAÚDE: MONITORAMENTO DA DENGUE POR OVITRAMPAS EM MARINGÁ - PR
Resumo
A dengue é um dos principais problemas da saúde pública, principalmente em países com climas predominantemente quentes e úmidos, como o Brasil. Devido à dificuldade de combater o transmissor da doença, novas metodologias e ideias para auxiliar esse combate são sempre interessantes de se estudar. A cartografia nos últimos anos tem se desenvolvido de maneira impressionante, através da desenvolvimento tecnologia e dos avanços do geoprocessamento e do sensoriamento remoto. Apesar de nem sempre evidente, a história da saúde pública está estreitamente associada à Cartografia. Através do exemplo de John Snow, um médico inglês, vemos que a saúde e a cartografia se relacionam há bastante tempo. Snow, em 1854, utilizou-se da cartografia para analisar um surto de cólera em Londres, espacializando as ocorrências e relacionando-as com as bombas de água da cidade. O caso de Snow é muito conhecido na Geografia, sendo um dos casos de uso da cartografia na análise espacial dos problemas de saúde. No século XXI, a cólera já não é mais um problema em países com saneamento básico adequado, mas outras doenças com diferentes formas de transmissão tornam-se igualmente preocupantes, como a dengue. Esta doença é transmitida por um vetor, o mosquito Aedes Aegypti, que se reproduz em água parada, sendo o ambiente urbano um habitat perfeito para seu desenvolvimento, como observado na cidade de Maringá, infestada pelo mosquito há anos. O Programa Municipal de Controle da Dengue (PMCD), devido a diferentes fatores, não consegue realizar seu trabalho completo, não sendo efetivo o suficiente no combate ao vetor. Este trabalho teve como objetivo apresentar uma metodologia de acompanhamento e controle do vetor da dengue em que as ferramentas de cartografia e geoprocessamento desempenham um papel muito importante. A metodologia consiste no uso de armadilhas elaboradas para capturar os ovos do mosquito, denominadas ovitrampas, posicionadas em áreas classificadas pelo PMCD como áreas de baixo risco. O monitoramento a partir dos produtos cartográficos das ocorrências de ovos do vetor nas áreas de baixo risco possibilita a focalização da atenção dos agentes de endemias às áreas mais necessitadas e subáreas das áreas de baixo risco cujo resultado da armadilha for alto. Assim, a técnica das ovitrampas, auxiliadas pelas ferramentas de cartografia, permite o direcionamento da atenção dos agentes, retirando de seu cronograma de trabalho comum as áreas que estiverem com ovitrampas. Os resultados apontam para maior eficiência e efetividade do PMCD.Referências
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